quarta-feira, 26 de junho de 2013

O que são cometas?

O esplêndido cometa McNaught (C/2006 P1), que em 2007
atingiu magnitude negativa .
     Eu diria que toda pessoa deveria ver um grande cometa ao menos uma vez, para então estar realizada.
     Os cometas são sem dúvida os corpos celestes mais belos de serem observados e fotografados, mas também são os mais inconstantes e imprevisíveis. Entenda o porquê nesta postagem.

     A principal diferença dos cometas para os demais astros do sistema solar é a sua órbita que, somada a sua composição, faz com que seja muito difícil prever como o cometa vai se comportar quando se aproximar do Sol. A órbita dos cometas é na grande maioria dos casos extremamente elíptica, ou seja, em seu afélio o astro pode se afastar muito do Sol, chegando a sair do sistema solar, ao passo que seu periélio é muito próximo do Sol, muitas vezes quase tocando sua atmosfera ou até, em não raras ocasiões, acabam sendo engolidos pela nossa esfomeada estrela. Além de terem essas órbitas muito elípticas os cometas também viajam em qualquer direção dentro do sistema solar, totalmente o contrário dos comportados planetas, que traçam suas órbitas em uma elipse quase esférica e estão todos no mesmo plano de órbitas O período da órbita de um cometa também é muito variável, podendo ser menor que uma década ou de milhares de anos.
   
A imagem mostra um exemplo da órbita
elíptica de um cometa e a formação das suas
duas caudas (poeira e íons).
O segundo fator, como foi dito, é a sua composição. Os cometas geralmente são gigantescas bolas de poeira, gelo e rochas espaciais, com comprimentos também muito variáveis, o que torna sua estrutura muito fraca e volátil a variações de temperatura. O resultado dessa mistura explosiva é realmente algo que podemos chamar de explosão.
     Quando a excentricidade da órbita de um determinado cometa o trás dos confins do sistema solar, onde a temperatura é próxima ao zero absoluto (cerca de -270ºC) e com muito pouca exposição aos raios e ventos solares, para o interior do sistema, abaixo da órbita de Júpiter e Marte, o cometa leva um verdadeiro choque térmico e começa a se desintegrar. O calor e partículas solares que atingem a superfície do cometa fazem com que seu gelo comece a evaporar, formando o que chamamos de coma ou cauda. Durante esse processo muita poeira se solta da superfície do cometa, formando uma segunda cauda.
     O que na verdade a trágica destruição de uma bola de sujeira espacial, apresenta-se para nós como um magnifico espetáculo, porque todo esse gelo e poeira que o cometa solta por onde passa reflete a luz do Sol, formando uma cauda brilhante no espaço e alguns deles são grandes e brilhantes o bastante para serem observados por telescópios amadores ou até mesmo a olho nu.
     Todo ano são descobertos dezenas de cometas se aproximando do Sol, mas são raros os que fazem um grande show, exatamente por causa dos fatores já citados. Apesar de todo cometa ter em sua composição gelo e poeira, é impossível saber a quantidade desses elementos e como eles se comportarão quando receberem calor e radiação solar, além é claro de quão perto ele se aproximará do Sol.
     É comum sabermos de algum cometa que promete brilhar até ser visto a olho nu, mas na hora "H" ele mal é visto por telescópios.
     Apesar de os cometas brilhantes a ponto de serem visto a olho desarmado serem raros, todo ano aparecem vários cometas que atingem magnitudes entre 6 e 12 no periélio, estando ao alcance de telescópios amadores.

Observação de cometas
     
Fotografia amadora do cometa C/2011 L4 Panstars, que pôde
ser visto a olho nu em março de 2013.
Como se não bastasse serem astros imprevisíveis e inconstantes, os cometas tão bem são, muito frequentemente, difíceis de serem encontrados. Isso se deve tanto pela sua velocidade - quando estão brilhantes o suficiente para serem visíveis por telescópios, os cometas se movem rápido pela esfera celeste, mudando sua posição a cada dia - e por seu brilho difuso.
     Bem, quanto a sua velocidade, isso não será problema para um astrônomo amador interessado em observar qualquer cometa. Basta estar munido de uma carta celeste com as coordenadas de onde se encontra o cometa, e usar outros astros no céu como ponto de referência para localizá-lo. Há atualmente uma grande variedade de softwares que facilitam essa tarefa, como o Stellarium.
     Já para observar o cometa precisamos nos atentar a alguns detalhes:
-> A magnitude do cometa. Como já citei anteriormente, cometas visíveis a olho nu (com magnitude menor que 5) são raros; mas todo ano aparecem cometas com brilho suficiente para serem vistos por telescópios amadores ou binóculos.
-> Brilho de superfície. A magnitude de um cometa é dada pelo seu brilho de superfície, que é a estimativa da magnitude de toda a sua área de brilho como se estivesse concentrada em um ponto único, como o brilho de uma estrela. Por isso é importante lembrar que a realidade será muito menor que a expectativa da magnitude anunciada. Tendo como referencia um telescópio amador onde a magnitude limite é 12, será possível observar cometas com magnitude até 10.
     Além do seu brilho outra característica importante é o grau de condensação da coma (DC - degree of condensation), que é uma estimativa de quanto a matéria está condensada em torno do núcleo do cometa, e é medida de 0 a 9, onde 0 é uma coma totalmente difusa e 9 uma coma pequena, bastante concentrada.

! Para melhor observação de astros difusos, como os cometas, é ideal que o observador busque um local com baixa iluminação e longe da poluição das cidades, assim poderá apreciar melhor o céu.

Características de um cometa:
Cometa West (1970),
mostrando suas duas
caudas separadas.
     - Núcleo: É a parte sólida central do cometa, geralmente formada por rochas, gelo e poeira. O núcleo pode ter desde alguns metros a alguns quilômetros de tamanho.
     - Coma e cauda: Quando o núcleo do cometa é aquecido ao se aproximar do sol parte do seu material evapora e se solta, formando uma atmosfera muito tênue e e grande em volta do cometa, esta é a sua coma. A coma é iluminada pelo Sol e pode ser vista a olho ou por fotografias.
     Conforme o cometa percorre sua trajetória a coma forma duas caudas, uma de poeira, normalmente curva seguindo a trilha que o astro fez, e outra de íons que sempre apontará na direção oposta à do Sol, por ser guiada pelo vento solar.

Classificação e nomenclatura dos cometas

   Em Janeiro de 1995 foi estabelecida uma lista com algumas regras para como seriam chamados os cometas, para assim ficar mais fácil de saber algumas informações básicas sobre o astro em questão só de ler o seu nome.
     Vou usar aqui o nome de um cometa fictício, para servir de exemplo na explicação, então, "meu" cometa vai se chamar "2P/2013 B1 (Helfenstens)"

     Vamos começar então pela primeira parte do nome, 2P. Essa parte do nome é exclusiva da sua classificação, e ela pode ser de três tipos diferentes:
        P/ - Significa que o cometa em questão é de curto período, com P < 200 anos e pelo menos duas passagens pelo periélio já observadas, ou não periódico com P < 30 anos.
        Para os que são periódicos a letra P ainda vem precedida por um numero, que significa a ordem em que foram confirmadas as suas descobertas após sua segunda passagem pelo periélio.
        C/ - Essa classificação é dada aos cometas não periódicos, ou seja, um cometa que após descoberto fará sua passagem pelo periélio e não retornará mais.
        D/ - Pode ter dois significados: 1- O cometa é de curto período mas seu período não pode ser calculado com exatidão; 2 - O cometa foi considerado perdido, podendo: ter se desintegrado, ter sido absorvido pela gravidade de outro astro maior, ou simplesmente não pôde mais ser localizado.

     A segunda parte do nome, 2013 B1, faz referência à sua descoberta. 2013 é o ano em que foi descoberto e este sempre será seguido de uma letra maiúscula do alfabeto latino, que significa a quinzena do ano em que foi descoberto, sendo: A = 1ª quinzena de janeiro; B = 2ª quinzena de janeiro; C = 1ª quinzena de fevereiro, e assim por diante, lembrando que as letras I e Z não são utilizadas. Depois da letra vem um numero que indica a ordem da descoberta dentro dessa quinzena.
     Se acontecer de o cometa se fragmentar, cada fragmento recebera depois do nome um traço seguido de uma letra maiúscula (com exceção da letra I ) , por exemplo: C/2011 D2-A, C/2011 D2-B, C/2011 D2-C, ....... , C/2011 D2-W.

     Agora sabemos que o cometa 2P/2013 B1 (Helfenstens) é periódico, com duas passagens já observadas e foi o primeiro cometa descoberto na segunda quinzena de 2013. o "(Helfenstens)" é uma opção que o descobridor tem de colocar o seu nome ou sobrenome no cometa que descobriu, ou pode ser também o nome do satélite ou telescópio que permitiu a descoberta.

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